O Dia Nacional dos Centros Históricos Portugueses é assinalado hoje, em Torres Novas (Santarém), numa cerimónia em que será entregue à arquiteta Helena Roseta o Prémio Nacional Memória e Identidade.
A cerimónia, agendada para as 15:00, segue-se à eleição dos novos órgãos sociais da Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico (APMCH), cuja lista única dá ao município de Lagos a presidência da direção, ficando a Assembleia Geral a ser liderada por Lamego e o Conselho Fiscal por Santarém.
José Miguel Noras, curador da APMCH, disse à Lusa que a celebração deste dia, instituído em 1993, é cada vez mais essencial para contribuir para uma opinião pública vigilante e atenta perante questões da salvaguarda dos centros históricos, por todo o património histórico, urbanístico e arqueológico que encerram.
Essa salvaguarda, salientou, é importante tanto por razões de identidade, como também de identificação simplesmente afetiva.
Para o ex-presidente da Câmara de Santarém (1992-2002), a aproximação à memória é fundamental para construir a afirmação do futuro, salientando que a salvaguarda e valorização dos centros históricos não põe em causa a incorporação dos contributos que cada geração pode somar.
José Miguel Noras defendeu que, nunca mais do que agora, a tarefa da valorização e salvaguarda do património faz sentido, por ser necessário salvaguardar as raízes no esforço de tornar os centros históricos adaptáveis às exigências da contemporaneidade.
Nesse sentido, referiu que o crescimento das cidades e a memória contida nos seus centros históricos não devem ser inimigos, sendo imperativo assegurar que os cascos antigos urbanos se mantenham habitados e não se transformem em meros endereços arqueológicos ou turísticos.
As pessoas que lá vivem têm os seus direitos e devem ser apoiadas, disse, apelando a legislação que garanta que os centros históricos tenham vida, tenham pessoas, e não apenas que os visitem.
Quanto à atribuição do Prémio Nacional Memória e Identidade a Helena Roseta, Noras recordou um percurso de entrega às causas da qualidade ambiental, da reabilitação urbana, de combate pela liberdade e pelas causas em que acredita.
Do longo percurso público e político, referiu o envolvimento de Helena Roseta nas lutas estudantis, as tomadas de posição enquanto deputada, o trabalho desenvolvido enquanto autarca, salientando a distinção com a Grande Cruz da Ordem da Liberdade, atribuída em 2005 pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, ou a que recebeu do Conselho da Europa, entre outras.
Noras lembrou que o Dia Nacional dos Centros Histórico assinala o aniversário do patrono do municipalismo em Portugal, Alexandre Herculano.