Helena Roseta
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Uma lição na Cova da Moura
31-10-2016
Urban  sketchers - 2014
Urban sketchers - 2014

Numa visita guiada ao Bairro da Cova da Moura, com um grupo de cerca de vinte cidadãos por mim conduzidos que queriam conhecer “outra Lisboa”, terminámos a volta com um pequeno debate entre visitantes e moradores.

Um dos dirigentes de uma associação local, um jovem negro, expôs os principais problemas do bairro, em especial da malta nova. O desemprego é frequente, a falta de papéis, mesmo dos que nasceram em Portugal, não ajuda e muitos jovens, sem estudos, sem trabalho e sem papéis, ficam disponíveis para todas as marginalidades. Revoltados, facilmente se envolvem em contendas com as autoridades, que à mais pequena mostra de rebelião os levam presos, agravando a discriminação de que se sentem alvo.

Um jovem arquitecto, do grupo dos visitantes, reagiu a esta exposição, lembrando que “cá fora” o problema também existe, o desemprego jovem é uma realidade persistente e ele próprio enfrentava muitíssimas dificuldades para encontrar trabalho. Para ele, o caso da Cova da Moura não era diferente do que se passa em todo o país.

O jovem negro respondeu-lhe com um sorriso: A Cova da Moura não tem o monopólio da desgraça. Sábia lição!