Helena Roseta
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“Acabou o tabu de que os partidos à esquerda não se podem entender”
Entrevista ao jornal i
12-10-2015
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Roseta vai voltar ao parlamento e elogia Costa por ser capaz de fazer pontes. “É um hábil negociador”, diz.

Entrou aos 27 anos na Constituinte, em 1975. Como era então a Assembleia da República (AR)?
Muito ideológica, mais plural do que é hoje, embora com menos partidos. Era mais genuína e o regimento era muito mais aberto do que é hoje. As várias maiorias, sobretudo as maiorias do Cavaco, introduziram mudanças no regimento da AR para a tornar “mais eficaz” mas que limitaram, e muito, a intervenção individual dos deputados. Na Constituinte era frequente as sessões durarem até às três, quatro da manhã, porque os tempos não eram tão curtos e mesmos os deputados da fila de trás podiam pedir a palavra. Depois, em todos os processos há aquilo a que o Alberoni e jornalista italiano chama momento nascente. É o momento em que está tudo em aberto. E o 25 de Abril foi um momento nascente. Estávamos a fazer uma Constituição, a decidir o que ia ser o regime, e esses momentos são sempre de muita criatividade. A partir do momento em que as coisas se definem e se entra numa sua fase mais administrativa, elas perdem essa frescura, mas isso é mesmo assim. As pessoas estavam a projectar as suas utopias, e desenhar a Constituição é projectar uma utopia. E as várias utopias confrontaram--se, estavam carregadas de futuro.

Mas começou na ala direita do PSD?
Não. No princípio, bem pelo contrário, estava mais à esquerda. Aliás, o Marcelo Rebelo de Sousa situava-se também nessa área, bem como o Pedro Roseta e o Alfredo de Sousa. Éramos um grupo social-democrata convicto e tínhamos influência ideológica na definição do rumo do PSD. É uma proposta do Marcelo e minha que faz mudar o nome de PPD para PSD, precisamente para assumirmos a social-democracia. Entrei em grande confrontação com a esquerda na sequência do próprio PREC revolucionário em curso entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975, como, aliás, o próprio PS também. Depois, essa confrontação manteve-se e na altura da Aliança Democrática tive algum protagonismo junto a Sá Carneiro. Na coligação com o CDS tivemos uma posição de concentração das forças de direita. Aí sim, podem colocar-me na ala direita. Mas estive sempre contra os abusos do poder e a história não é linear. A seguir ao 25 de Abril, o pêndulo da história virou muito à esquerda e estive do outro lado. Quando o pêndulo histórico começou a virar muito à direita, tinha de estar do outro lado. São excessos. Se calhar estive sempre no mesmo sítio, o pêndulo histórico é que andou de um lado para o outro.

Apelidada de Pasionaria (pseudónimo usado por Dolores Ibárruri, líder histórica do PC espanhol nos anos 30) da direita. E agora, virou Pasionaria da esquerda?
Não necessariamente. O problema está em saber se a pessoa se entrega às causas com convicção e paixão. Isso sim, entrego-me, não o nego.

E é mais fiel às ideias ou aos partidos?
Aos partidos, a minha fidelidade é muito relativa. São organizações fechadas. São dos séculos XIX e XX e ainda não perceberam que estamos no século XXI. As organizações políticas deviam conformar-se um pouco à maneira do que foi a maioria que apoiou o Obama, que é muito mais do que o Partido Democrata. São constelações de causas. Estou sempre à procura da minha e também gero algumas. Tenho uma atitude de rebeldia e inconformismo e, nesse aspecto, estou mais à esquerda. Mas as ideias são essenciais, temos de as fazer evoluir. Há valores intocáveis e a única coisa perene nisto tudo são os valores: liberdade, justiça, igualdade, solidariedade, fraternidade, enfim, os valores da Constituição da República. Depois vem a nossa interpretação, em qualquer momento, de como esses valores se concretizam. E, de repente, emergem causas. Reagimos à sociedade em que estamos com sentimento de urgência para a necessidade de a mudar, termos capacidade de ler esse sentimento de urgência, à medida que os tempos mudam.

Natália Correia, de quem foi amiga, tinha a mesma visão da política?
Nalgumas coisas sim, noutras menos. A Natália tinha uma fidelidade à sua origem açoriana e à sua vocação poética. Isso, para ela, era o mais importante de tudo. Mas era uma pessoa que também tinha o sentido de urgência, empenhava-se nas causas. O que me aproxima dela é um pouco esta sensação de, quando a gente vê que há um abuso de poder de um lado, nós estamos do outro. A Natália era assim e eu também. A constelação de causas da Natália não era exactamente a minha. A causa maior para ela era a poesia. Como ela dizia: “Ó subalimentados do sonho! A poesia é para comer.” (poema “A defesa do poeta”). Era uma questão quotidiana.

E hoje podemos pensar onde Natália Correia votaria?
Não faço ideia nenhuma. Não podemos atribuir intenções a pessoas que já cá não estão. Agora, o que é certo é que fazem falta vozes independentes, irreverentes e sem medo. Que sejam capazes de dizer que o rei vai nu, como foi a voz da Natália, a do Francisco Sousa Tavares. Eram ouvidas porque eram corajosas e diziam, sem problemas, o rei vai nu! Hoje é mais difícil. Estamos reduzidos ao espaço mediático, que só vive de slogans. Não consegue sequer desenvolver qualquer espécie de ideia um pouco mais aprofundada. Vivemos ao nível da superfície. Rapidez e superficialidade. Éramos mais lentos, mas mais profundos. Há um livro muito interessante do Alessandro Bariko (filósofo italiano, jornalista, escritor e musicólogo) que chama bárbaros a esta geração de hoje. Ele diz que falam uma outra língua. A língua da velocidade, da instantaneidade, da rapidez e da abrangência absoluta, mas não aprofundam. Como os gregos diziam que os que não falavam a sua língua eram bárbaros, também digo que esta malta nova são os meus bárbaros.

Tinha uma consideração política e pessoal por Sá Carneiro…
Mas quando ele morreu estava bastante esquinada com ele. Já não sei qual era a guerra na altura, mas julgo que era com os jornalistas… precisamente. E o Sá Carneiro estava muito fechado à negociação. Fiz-lhe críticas duras e, por outro lado, não apoiei o candidato presidencial da AD.

E põe a hipótese de apoiar Marcelo Rebelo de Sousa?
Ainda não tenho candidato, mas não votarei Marcelo Rebelo de Sousa. Aliás, há uma frase que Marcelo costuma repetir de vez em quando e que creio que me disse na altura da candidatura do Soares Carneiro e de Ramalho Eanes: “Tu vais pela esquerda e eu vou pela direita.” Agora sou eu que lha lembro: “Tu vais pela direita e eu vou pela esquerda.”

E que mais a marcou na Constituinte?
Tenho orgulho por ter participado na redacção do artigo 65.o da Constituição: Direito à Habitação.

Continua a defender os movimentos de cidadania?
Sempre! Sempre trabalhei muito na ligação com as comunidades. Fui despedida antes do 25 de Abril juntamente com um grupo de pessoas que trabalhava num certo ateliê, em Lisboa. Andávamos a fazer reuniões com uma comissão de moradores que era clandestina. Depois, apareceu no “Diário de Lisboa” uma notícia do Cesário Borga sobre essa reunião e o patrão chamou-nos e pôs-nos na rua, dizendo que nos pagava para fazermos urbanismo e arquitectura, e não para fazermos reuniões com os moradores. Já nessa altura estava convencida de que sem a participação activa das pessoas não era possível. Depois, o Nuno Portas, no governo (em 1974, secretário de Estado da Habitação e Urbanismo), lançou o processo SAAL (Serviço Ambulatório de Apoio Local através do qual entre 1974 e 1976 se construiu habitação social em Lisboa, Porto, Setúbal e no Algarve) e esse processo, na sua raiz, tinha a participação das pessoas para resolver o problema da habitação.

Enquanto arquitecta?
Sim. Quando me perguntam se sou arquitecta, respondo que não tenho placa em nenhum sítio, porque os meus trabalhos foram a recuperação de bairros clandestinos, intervenções em bairros de lata, criação de associações em bairros prioritários e de modelos de habitação para a cidade de Lisboa e para as famílias pobres. Enfim, não dá direito a placa nem a prémios de arquitectura. E, no entanto, fui presidente da Ordem dos Arquitectos, eleita por duas vezes. As pessoas perceberam que a arquitectura é também serviço público à comunidade.

E na política teve rupturas?
Há duas rupturas importantes na minha vida política. Uma nos finais de 1985 e princípios de 1986, com o PPD, era então presidente da Câmara de Cascais, por causa da campanha presidencial de Mário Soares. Entendi que não devia apoiar Freitas do Amaral e fui apoiar Mário Soares. Mas saí do partido, entreguei o cartão. Já estava muito incomodada com o caminho que as coisas estavam a levar, nomeadamente com a liderança de Cavaco Silva, que tinha inicialmente apoiado. Foi o maior erro da minha vida, em 1985, depois da morte de Sá Carneiro, ter apoiado Cavaco Silva. Mas em 1985, quando ele ganhou o congresso da Figueira da Foz, entendi que não era por ali que queria ir. Essa é uma ruptura frontal. Cavaco Silva vem depois a ter maiorias absolutas e não me dou bem com pessoas que entendem maiorias absolutas como única forma de trabalhar.

E a segunda ruptura?
A segunda dá-se mais tarde, com José Sócrates. Outra vez uma maioria absoluta. Tenho uma visão mais negociada, mais partilhada. Sou uma mulher com 67 anos e fiquei sempre muito marcada pelo João XXIII. Há uma frase do João XXIII de que nunca me esqueci a vida toda: “Ninguém tem a verdade absoluta.” E a democracia é a busca de soluções procurando as verdades de cada um. Não perceber isto é não perceber nada. Tenho muita dificuldade de ver a política como um duelo em que há vencidos e vencedores, e os vencedores esmagam os vencidos. Não concebo essa linguagem militar na política, chateia-me!

Mas agora aproximou-se do PS?
Uma aproximação voluntária. António Costa ganhou as eleições para a Câmara de Lisboa e eu fui eleita por um movimento independente. Mas entendia que não devia estar na oposição porque as pessoas, quando são eleitas, é para fazerem qualquer coisa útil. Fui falar com António Costa e disse-lhe que queria fazer qualquer coisa, ele deu-me uma oportunidade e, a partir daí, construímos uma data de pontes, acabando por fazer um acordo. Mas lá está, há aqui um problema para resolver na Constituição: os movimentos de cidadãos não têm os mesmos direitos dos partidos políticos. Os partidos podem coligar-se, e os movimentos de cidadãos não. Uma das formas de abrir o sistema político, em vez de constituírem partidos que depois não conseguem ser eleitos, era criarem constelações de causas e modos mais abertos de os partidos se poderem coligar com movimentos diversos que se aproximassem com determinados objectivos.

Aproximou-se de António Costa, na Câmara, e do PS?
Foi dessa experiência de Lisboa que surgiu o acordo que deu duas maiorias absolutas a António Costa e alguma proximidade de trabalho com ele. E confiar na pessoa, porque a política não é só feita de ideias, de partidos e de programas, também é feita de pessoas.

Acha que Costa é ambicioso?
A minha avó costumava dizer que “quem não sonha alto não levanta voo”. Portanto, é bom que as pessoas tenham objectivos ambiciosos, e isso, acho que ele tem. Para Lisboa, viu-se. Quis sempre mais do que pôs nos programas. Chegava a ser cansativo, todos os dias tinha ideias novas e tínhamos de lhe dizer “calma aí que ainda não concretizámos as outras”. Este resultado não é seguramente aquele que ele queria, mas vai ter de transformar o resultado numa oportunidade de criar novos caminhos. Estamos num impasse, e nos momentos de impasse da história nacional tem de haver clarificações, tem de haver algumas rupturas. Um tabu já caiu, vamos ver que clarificações vêm a seguir. Os momentos de impasse são muito bons para mim. Os biólogos chamam-lhe bifurcação, os momentos em que o futuro abre outra vez, em que não vamos todos na mesma linha obrigatoriamente. São outra vez momentos emergentes.

Como esta nova arquitectura política saída de 4 de Outubro…
Muito interessante e estimulante.

Há soluções de geometria variável?
Claro que há. Apela à criatividade e à exigência. Apela à autenticidade das negociações. Não podemos estar a fazer negociações de má fé ou com preconceitos, mas é muito interessante porque o povo é sábio. O que o povo fez no dia 4 de Outubro foi não dar maioria absoluta a ninguém. Ora ainda bem. Portanto, meus caros senhores, é o tempo de os partidos se sentarem à mesa, conversarem e ver o que podem fazer. Há uma ideia que o Sá Carneiro sempre defendeu, o PS não defendia, mas o António Costa defende e acho-a correcta: a história da moção de censura construtiva. Deita-se um governo abaixo desde que se tenha uma solução alternativa, com estabilidade para continuar. Não havendo essa solução alternativa, em princípio, os governos vão-se mantendo. É esse o espaço que estamos neste momento a construir. Ver se há condições para, à esquerda, se construir qualquer coisa que permita ser uma alternativa à coligação de direita.

Mas a coligação ganhou as eleições.
Pois ganhou, mas não teve maioria absoluta. Portanto, se a coligação de direita não conseguir obter na Assembleia da República os apoios de que precisa, tem pouca viabilidade. Agora, impedi-los de governar só porque não, não é o meu estilo. Há uma outra solução que pode ter maioria na Assembleia da República. Bem trabalhada e bem preparada, pode ser muito interessante. Pode não acontecer já nestes dias, é um trabalho que vai demorar mais tempo, mas já aconteceu uma coisa fundamental: uma ruptura. Agora mais uma, e esta é histórica: acabou o tabu de que os partidos à esquerda não se podem entender.

Quer dizer que nas eleições as pessoas não votaram em Passos Coelho como primeiro-ministro?
O sistema constitucional não é a eleição de governo, é a eleição de deputados, embora essa leitura seja quase inevitável, na medida em que o governo emerge, depois, do resultado eleitoral. Para o governo, o que o sistema prevê é um equilíbrio mediado pelo PR que, por sua vez, também é eleito directamente. O que perverteu as coisas é que o Presidente da República deixou de ser o Presidente de todos os portugueses. Alinhou com as teses do seu partido e passou a ser um apoiante da coligação, e não um Presidente imparcial. Isso subverte a figura.

Quais são as suas expectativas relativamente a este processo negocial?
Há muitos anos que não havia no PS um secretário-geral com as características do António Costa, capaz de fazer pontes, nomeadamente à esquerda. À direita, muitos fizeram. É um hábil negociador e um homem bastante desprendido. E, portanto, estas características são, neste momento histórico, a coisa mais importante. Por isso é que me bato para que confiem no António Costa, na sua capacidade. Foram muito importantes as diligências que já fez. Rápidas. Foi falar com o Partido Comunista, irá falar com o Bloco de Esquerda, vamos ver o que consegue. Mesmo que daí não resulte de imediato um governo de esquerda, porque admito que seja muito difícil construir uma solução de governo assim do pé para a mão, resultarão convergências que vão condicionar qualquer governo nos próximos anos. Vão obrigar a corrigir as políticas e virá-las um bocadinho mais para as aspirações da esquerda e um bocadinho menos naquela ortodoxia, sempre, de que a Europa manda e nós temos de cumprir. Isso vai ser o resultado de a sabedoria popular ter votado assim. Vamos ter de corrigir as políticas. Queira a Europa ou não.

Quer dizer que António Costa pode ter um papel fundamental no equilíbrio político?
Pode e já começou a ter. Aliás, é muito simples, ninguém pode fazer nada sem o PS. Nem uns nem outros.

Tem a chave do poder?
Tem. É de uma exigência enorme, sofre uma pressão muito grande.

E como reagirá o PS internamente?
Isso não sei. Não estou lá, felizmente! O PS foi sempre um partido de uns para lá outros para cá. Alguns ficam muito assustados quando o partido vai um bocadinho mais para a esquerda, outros têm muito medo quando o partido vira um bocadinho mais à direita. Mas eles têm de perceber qual é o momento histórico que estamos a viver. E têm de perceber o que é mais importante para Portugal, que é o que lhes estou sempre a dizer. Não pensem tanto no PS, pensem em Portugal, qual é o caminho. Nós tivemos realmente um desvio à direita, excessivo. Temos de corrigir isto. É do que Portugal precisa, foi por isso que as pessoas votaram. As pessoas não votaram no que votaram por estarem muito satisfeitas com o que estavam a ter. Votaram assim porque alguma mudança querem. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Vai ter de mudar e isso é bom.

E admite assumir a presidência da Assembleia da República?
Fico muito lisonjeada por aparecerem essas referências nos jornais, mas não creio que seja, neste momento, o lugar mais interessante para uma pessoa com a minha maneira de ser e de estar na política. O presidente de uma Assembleia, para além de ser uma figura institucional, tem pouca intervenção directa nos assuntos. Está lá em cima, dá a palavra, gere o funcionamento do parlamento, o que é uma função certamente muito importante. Não vou prescindir da minha liberdade de acção como deputada na bancada do PS e, ainda por cima, como independente.

Parece tão entusiasmada quase como se fosse a primeira vez no parlamento.
Tenho muitos anos, fiz muitas experiências, tenho muitas ideias do que se deve fazer para melhorar o problema da habitação em Portugal. Vou experimentá-las. Estive quatro anos em que quase desapareci da cena política porque estive com a mão na massa a trabalhar com as pessoas, comunidade a comunidade, bairro a bairro. Agora tenho esta riqueza imensa que aprendi. É possível melhorar os bairros, melhorar a situação das pessoas e termos uma cidade melhor. Qualquer coisa que venha de baixo para cima e que chegue ao parlamento. Que não seja imposto de cima para baixo, qualquer coisa emergente. Quero fazer processos legislativos participativos.

António Costa pode ser o Corbyn português?
Não, é diferente. Corbyn é um homem de rupturas e António Costa não é um homem de rupturas, é um homem de consensos.

O que diria às pessoas assustadas com o impasse?
Que a incerteza é um princípio fundamental da física descoberto nos anos 30 do século XX por um senhor chamado Heisenberg (físico alemão), e que há cem anos que se percebeu que há uma coisa chamada princípio da incerteza e que isso comanda um pouco da vida física e, portanto, também da nossa vida humana. Não é nenhum mal e veio para ficar. Temos de saber viver na incerteza.

Que mensagem envia a António Costa?
O que lhe disse no domingo: a vida política é feita de 30% de derrotas, 30% de vitórias e o resto são traições. Aguenta--te e vai para a frente. É a vida.

E o que pensa de Catarina Martins?
A Catarina, para além das suas qualidades e defeitos, como todos, representou uma coisa fresca na democracia portuguesa. Precisamos de mais! A frescura não é só a idade e a cara, a frescura são as ideias. É preciso refrescar a democracia. Há partes da democracia e dos políticos que estão cansadas, com demasiadas rugas na cabeça. Precisamos de arejar isto. Tem de passar por aqui uma grande corrente de ar e acho que vai passar.

Entrevista conduzida por Humberto Costa